domingo, junho 25, 2006

Eternal Sunshine

As coisas têm andado de forma truculenta. Acho que foi por isso que Pablo Neruda veio falar comigo. Sim, ele mesmo. Me disse que eu o que eu estava fazendo não era certo, e que eu podia tentar de outro jeito. Na noite anterior (ou na posterior talvez) eu fui ao teatro com dois amigos meus (F. e S.). Saímos de um galpão, já era alto da noite, a rua estava completamente deserta, e era uma rua com muitos buracos, de forma a impedir qualquer acesso de carro. Procuramos o caminho para o ponto de ônibus. Numa pequena travessa encontramos pessoas cheirando à perigo e demos meia volta. Um amigo queria ir por outra rua, mas F. advertiu de que naquela rua, se ele persistisse, encontraria direto com ovelhas. Demos a volta para chegar ao ponto. No fim pedimos carona para aquele pessoal esquisito, e para surpresa minha eles nos ajudaram. Após paradas no meio do caminho, inclusive para pegar minha irmã que estava voltando de viagem, chegamos em casa.

Estava tudo vazio. Eu chamava pelas pessoas, que respondiam, mas eu não conseguia encontrá-las. Eu estava esgotado, mas precisava de alguém ali. Eu estava preso e sabia disso. Mas se todo esse papo sobre lucidez for verdade, eu queria viver aquele momento. E ao mesmo tempo algo me puxava pra trás dizendo que não era possível. Meu Deus, onde estou com a cabeça? Por que parece que alguém quer me dizer alguma coisa?

Consegui perceber padrões diferentes. O silêncio é o que pertuba. É aquele vazio. É a vontade que se foi. O tempo, o espaço, a desconstrução de tudo, é o apenas observar. Poderia ficar dias ali apenas observando o vento trocar de posição as folhas caídas do outono. Não são as respostas, são as perguntas. As inquietações que viraram quietações. Está tudo bem assim, e ninguém está enganando niguém. Basta do jeito que está.